No WTorre Morumbi, a proposta arquitetônica inovadora foi conectar as duas edificações que compõem o conjunto, separadas por uma distância de 35m, com cinco passarelas distribuídas entre alguns dos 28 pavimentos-tipo
À distância, o WTorre Morumbi - novo conjunto corporativo construído às margens do Rio Pinheiros, na zona sul da cidade de São Paulo - se destaca na paisagem urbana com duas torres conectadas por passarelas que vencem um significativo vão de 35m. Não é coincidência, portanto, que a ousada proposta arquitetônica tenha sido um dos principais desafios de engenharia da obra executada pela WTorre Engenharia.
Projetado pelo escritório de arquitetura Aflalo/Gasperini, o empreendimento de 170.000m² de área construída tem padrão triple A e busca a certificação Leadership in Energy and Environmental Design Core & Shell (Leed CS) na categoria Silver. As duas torres - também chamadas de alas - têm, cada uma, 141m de altura, com 28 pavimentos-tipo (3° ao 30° andares) e áreas técnicas nos dois primeiros pavimentos e nos três últimos, entre o 31° andar e o 33° andar. Também há um heliponto na cobertura da ala B. Sob o lobby, no térreo, há cinco subsolos que abrigam estacionamento, reservatórios de água e facilities (geradores, estações de tratamento de esgoto, subestação elétrica etc.)
Composição Estrutural
O sistema estrutural de ambas as torres é do tipo misto. Cada uma das edificações conta com um núcleo rígido de concreto armado que proporciona estabilidade horizontal à estrutura e delimita as áreas de circulação vertical, onde estão escadas e elevadores. Em torno desses núcleos, estão dispostos os demais elementos estruturais: lajes do tipo steel deck e pilares e vigas mistos, cujas seções são compostas por perfis metálicos recobertos por concreto.
Demetrius De Feo, diretor de construção da Wtorre, explica que os núcleos e os pilares periféricos das torres foram concretados depois da montagem da estrutura metálica, que avançava seis pavimentos acima do nível da concretagem. O recurso acelerou o cronograma da obra. "Eram concretados quatro pavimentos por ala a cada mês", explica. As peças estruturais que chegavam da fábrica eram armazenadas em um terreno próximo ao local da obra.
Conexões desafiadoras
Cinco passarelas projetadas em estrutura metálica conectam as edificações, vencendo vãos de 35m. A execução das passarelas - cujas estruturas pesavam de 60ton a 150ton - impôs desafios à construtora, segundo De Feo. O içamento, por exemplo, foi feito com macacos hidráulicos, exigindo grande cuidado na movimentação. "Guindastes não seriam a solução mais adequada devido às restrições de espaço e à necessidade de patrolar sobre a laje do térreo, que não havia sido dimensionada para tais magnitudes", acrescenta De Feo. A configuração geométrica das fachadas e das próprias passarelas também dificultou os trabalhos no canteiro.
Detalhe de um dos macacos hidráulicos utilizados no içamento das passarelas metálicas
Passarela 5, apoiada no 30° pavimento, tem 17m de altura - o dobro das outras quatro - para suportar as cargas das empenas do topo do edifício, onde a pressão do vento e os deslocamentos da estrutura são maiores
Passarelas metálicas são apoiadas em consoles nos pilares periféricos
Peças de grande porte costumam ser elevadas na projeção de sua posição final de montagem. No entanto, a passarela 2, apoiada no 10° andar, teve de ser girada em 90 graus ao final do içamento, enquanto ainda estava suspensa.
De acordo com o engenheiro Demetrius De Feo, a manobra foi necessária porque o espaço entre as torres não permitiria o içamento na posição final devido à existência de alguns balcões em balanços nas fachadas entre as torres.
Fachadas
O sistema unitizado de fachada trouxe à obra velocidade de instalação e eficiência de vedação, além da possibilidade de início de instalação antes do término da estrutura das torres. De Feo explica que os módulos pré-fabricados eram içados por gruas, motoiçadores e outros equipamentos móveis fixados na própria fachada ou posicionados nos pavimentos. "Este sistema possui três níveis de vedação e sistema de drenagem de água mais eficiente do que o tradicional sistema stick", acrescenta o engenheiro.
Foram utilizados vidros laminados de controle solar e vidro low iron com PVC branco opaco em locais específicos da fachada. Apesar de os vidros contarem com propriedades bastante distintas, a diferenciação de cores tem uma função mais estética do que o funcional. De Feo explica que o isolamento térmico do edifício foi garantido por meio dos vidros e de painéis isolantes instalados nos módulos de fachada, atrás do shadow box (caixa de sombras) de chapas de alumínio no trecho cego da fachada cortina.
Plantas de fôrmas do 30° pavimento (alas A e B)
Passarela 5 - Corte longitudinal
Implantação das vigas da passarela
Passarela 5 - Perspectiva 3D
Passarela 5 - Corte transversal
Fonte: Revista Téchne (edição 216, ano 23)
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